
Identificação do Projeto






O Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SATRN), reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2010, é um dos mais sofisticados exemplos de agricultura comunitária da Amazônia. Esse sistema milenar, construído e preservado por povos indígenas e ribeirinhos, constitui não apenas uma estratégia de sobrevivência alimentar, mas também um patrimônio cultural, ecológico e simbólico.Contudo, apesar desse reconhecimento oficial, o protagonismo feminino no SATRN permanece invisibilizado. Como observa Vilas Boas (2019), há uma tendência histórica da literatura acadêmica e das políticas públicas em generalizar o sistema agrícola como coletivo, ignorando as práticas específicas das mulheres — especialmente no que se refere à seleção de sementes, conservação da mandioca e transmissão intergeracional dos saberes agrícolas.




Assim, a problemática que fundamenta este projeto é clara: os saberes agrícolas femininos do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SATRN) permanecem invisibilizados, subvalorizados e sob risco de erosão cultural, tanto por pressões externas — como mudanças climáticas, avanço da fronteira agrícola e violência contra comunidades tradicionais (INSTITUTO IGARAPÉ, 2023; TIRIBA, 2024) — quanto por estruturas internas de poder que silenciam a contribuição das mulheres na gestão de roçados, seleção de sementes e transmissão intergeracional de conhecimentos (WEAVER, 2023; VILAS BOAS, 2019; 2021).O desafio central é documentar, valorizar e difundir esses saberes de forma eticamente responsável, acessível e sob controle comunitário (WIPO, 2017), garantindo que esse patrimônio cultural ancestral seja reconhecido, ensinado e preservado como referência fundamental para as futuras gerações.














